(Maomé suspira no divã: "Outros profetas têm seguidores com sentido de humor!...")
Recordo a observação de Salman Rusdhie, de que o fundamentalismo islâmico é uma forma de totalitarismo – e, como tal, bruto como um rinoceronte. Já o nazi Goering espumava: “Quando ouço falar em cultura, puxo da minha pistola!” Pois bem: eu, quando ouço falar em pistola, puxo da minha cultura. Falemos da beldade com miolos que é Ayaan Hirsi Ali. Nascida na Somália, há 39 anos, o pai dela era um dissidente. Ali foi uma muçulmana integrista, disposta a imolar-se por Alá. Mas repugnou-lhe lhe terem infligido a ‘circuncisão feminina’ (remoção do clítoris, e por vezes dos lábios vaginais), assim como o casamento arranjado com um marmanjo que nunca vira mais gordo. Em vez do noivo, escolheu o exílio na Holanda, onde devorou filósofos (Popper, Espinoza, Hayek) e se tornou uma apóstata. Para Ali, boa parte das encrencas sociais, económicas e políticas do mundo islâmico derivam de uma visão distorcida da sexualidade: o disparate de que a honra da família reside na ‘pureza’ das mulheres, reduzida à virgindade. E pimba: ela virou a mulher mais odiada pelos radicais maometanos. Em 2005, numa rua cosmopolita de Amesterdão, um deles espetou um punhal no coração do cineasta Theo Van Gogh, com um bilhete cravado e destinado a Ali: “És a próxima”.
Tristemente previsível é que proeminentes intelectuais ocidentais, como Timothy Garton Ash ou Ian Buruma, rotulem Ali de “uma fundamentalista do Iluminismo" (aliás, um oxímoro). Quando ela é a primeira a frisar que as suas ideias devem ser julgadas por si próprias, e não pela sua biografia acossada. Que a alternativa é entre o tribalismo e o universalismo (mas não o multiculturalismo, nem o relativismo). Já é mais compreensível que, num livro recente, Buruma pareça quase amuado com a beleza e o charme de Ali - digna de uma princesa núbia, de uma rainha de Sabá. Uma enciclopedista boazona? É muita areia para a camioneta de alguns rapazes. Esquecem-se de que o terrorismo corresponde precisamente ao medo terrível de que, em algum lugar, alguém seja feliz. Uma banda muçulmana de hip-hop (sim, é incrível, mas existem) compôs um rap com o refrão: “Que se foda Hirsi Ali/Puta maldita, mancha merdosa/Parto-te a cara, corto-te ao meio!” Eis a voz patibular do obscurantismo. “Calem-se!”, explicam eles. Já as últimas palavras de Theo Van Gogh para o seu carrasco foram: “Não podemos conversar sobre o assunto?” Não, não podiam. A mente de um fanático é como uma pupila: quando mais luz recebe, mais ela se contrai.
Saiu há pouco o novo livro de Hirsi Ali, NOMAD. Um professor disse-me uma vez: "As mulheres são a metade da população mundial, e as mães a outra metade" (reflictam um bocadinho). Ali fala disso, e da sua mudança para os EUA, depois que a hospitaleira Holanda avisou-a de que não podia mais garantir a sua segurança. Enfim, lavaram as mãos - menos como Pilatos, do que como alguém que sabe que acabou de fazer algo no WC. Ouçam-na neste vídeo (em Holandês e Inglês) - e leiam-na sempre que puderem.
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