E a minha também, naturalmente. Culpa de Charles Darwin, cujo bicentenário comemorou-se recentemente, assim como os 150 anos de A Origem das Espécies. Para se avaliar o impacto do aniversariante, basta pensar que, na altura, ainda prevaleciam os cálculos do prelado irlandês James Ussher. Este, depois de uma vida inteira de estudos exaustivos, anunciou triunfalmente que a Criação do Mundo ocorrera em 26 de Outubro de 4004 a.C., às 9 da manhã em ponto.
Bem, digamos que errou por, hum, imenso. Hoje os astrofísicos estimam que o Big Bang foi há 13,7 biliões de anos, e que a vida na Terra despontou há 4 biliões de anos. Antes de Darwin, o consenso era de que, obviamente, os dinossauros se tinham extinguido porque não cabiam na arca de Noé. Claro: a reacção foi o fim da macacada. O bispo de Oxford perguntou-lhe: “Mr. Darwin, o senhor pretende descender do macaco por parte de pai ou de mãe?” Darwin adiou anos a fio a edição da sua obra-prima, onde propõe que as espécies são seleccionadas através de variações favoráveis devidas ao acaso. De excelente carácter, e embora acabasse a vida como um afável agnóstico, Charles sofria com o desgosto que causava à mulher, Ema. Esta, uma cristã fervorosa, achava que, por causa das teorias do marido, ambos passariam a Eternidade separados: ela no Céu, com querubins, auréolas e harpas, ele no Inferno, a assar em lume brando com um tridente espetado no rabo.
Ainda hoje, nos EUA (que detêm metades dos cientistas nobelizados), só 1 em cada 2 americanos acredita que o Homem possa resultar de milhões de anos de evolução. Na terra natal de Darwin, 1 em cada 4 ingleses pensa que ele era chanfrado ou charlatão. É sugestivo o facto de que este suposto iconoclasta mefistofélico esteja agora sepultado na Abadia de Westminster.
O que ele diria da actual pancadaria entre os Criacionistas (e os fãs do “design inteligente”, que pregam uma espécie de “teologia natural”) e racionalistas passionais como Richard Dawkins? Darwin possuía uma paixão sincera e silenciosa, mas isenta de preconceitos e imune a qualquer género de reducionismo – seja místico seja materialista. Ao refutar irreversivelmente a cronologia bíblica, nunca excluiu, ao menos teoricamente, a hipótese de que a selecção natural pudesse ser uma lei de Deus – isso eram contas de outro rosário, que não lhe diziam respeito. Daí que - aposto o meu pescoço de cisne! -, perante tanta crispação e histeria sectária em redor da suas descobertas, ele provavelmente mandaria os dois lados da barricada irem pentear macacos.
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