Há 120 anos, o criador Van Gogh entregava a alma ao Criador propriamente dito. Hoje um dos artistas mais valorizados do Mundo, foi acolhido pela sua época como um leproso numa colónia de nudistas. Brigou com o inimigo do peito Paul Gauguin e cortou a sua própria orelha (felizmente, não pintava de ouvido). Aliás, uma biografia recente jura que foi Gauguin o ceifeiro da tal orelha.
Van Gogh tentou suicidar-se com um tiro na cabeça, mas falhou o alvo (que pontaria!) e atingiu o estômago. OK, tudo está bem quando acaba bem: morreu dias depois, em agonia dilacerante, aos 37 anos.
Produziu 2000 obras, mas em vida só vendeu uma mísera tela e mesmo assim por três réis de mel coado. Instrutivo: há dias, a casa de leilões Christie’s, em Londres, alcançou o recorde de vendas num semestre na história do mercado da arte: 3,5 biliões de euros. O preço mais alto foi obtido por um quadro de Andy Warhol (72 milhões de euros). Com o seu conceito de pintura em série, Warhol foi um anti-Van Gogh. O figurativismo de Wahrol dá um jeitão como enfeite – se bem que as telas penduradas nos restaurantes nunca são muito melhores que a comida servida nos museus.
O realismo de Warhol é tal que um homem retratado por ele pode fazer a barba diante do seu retrato. Já Van Gogh ajudou a vingar a pintura abstracta, que, forçosamente, é uma coisa sem pés nem cabeça.
Em 1961, o quadro Le Bateau (reprodução acima), de Matisse, esteve exposto durante 47 dias no Museu de Arte de Nova Iorque, até que alguém notou que estava de cabeça para baixo. Uma multidão de extasiadas 120 mil pessoas já tinham desfilado reverentemente diante da tela quando o equívoco foi apontado. As obras de Jackson Pollock, um mestre moderno, são uma data de rabiscos emaranhados, como se alguém estivesse a tentar fazer escrever uma Bic recalcitrante e se distraísse (considero um génio o pintor que consiga plagiar um quadro dele).
Enfim, a arte moderna é quando se compra uma tela para tapar um buraco na parede, e depois decidimos que o buraco ficava muito melhor. Não, que farisaísmo! Mas o ultraje de ontem é o chique de hoje e o cliché de amanhã. Daí que o sofrimento dilacerante de Van Gogh – que sabia do seu gênio mas queria reconhecimento para autenticá-lo - e comer...) também tenha passado de moda.
Quando perguntaram a Salvador Dali se lhe era difícil pintar, encolheu os ombros: «Não é fácil nem impossível.» Debatendo a falsificação, indagaram ao prolífico Picasso (de longe, o artista mais rico de sempre) como sabia quais eram realmente as suas telas. Resposta: «Se gosto do quadro, digo que é meu. Se não gosto, digo que é falso». Uma coisa é limpinha: ninguém ouve tanta tolice como um quadro pendurado num museu.
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